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sábado, 1 de maio de 2010

BISSEXUAIS


Nem gays enrustidos, nem heteros promíscuos
As pessoas que se envolvem afetiva e sexualmente com homens e mulheres são acusadas de não descer do muro. Condenadas pelos gays e pelos heterossexuais, têm que construir muitas vezes uma identidade camuflada para dar vazão ao desejo.
Por Lina Barbosa


Não é fácil querer tudo. Para muitos homossexuais, eles são gays enrustidos ou lésbicas não assumidas. São considerados devassos por outros tantos heterossexuais. Os bissexuais, pessoas que têm desejo afetivo e sexual por homens e mulheres, têm dificuldade para encontrar o seu lugar no mundo e dificilmente falam abertamente sobre sua dupla preferência sexual. Na maioria das vezes apresentam-se à sociedade como homo ou heterossexuais, dependendo da circunstância ou do grau de aceitação que acreditam que poderão ter. "Até pouco tempo atrás, imaginava-se que o número de bissexuais fosse muito reduzido", diz a psiquiatra Carmita Abdo, professora da Faculdade de Medicina da USP e coordenadora do Programa de Sexualidade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas. Segundo ela, pesquisas sobre a crescente contaminação de mulheres casadas pelo vírus da Aids levaram à conclusão de que existem muito mais bissexuais do que se acreditava. Estima-se que 80% das mulheres casadas soropositivas foram infectadas através do comportamento bissexual de seus maridos. Constatações como essa ajudam a aumentar o preconceito contra os bissexuais. Mas como afirma, no depoimento a seguir, Sonia Alexandre, uma bissexual assumida, "quem dissemina a Aids é a mentira".

No início do século, Sigmund Freud dizia que temos possibilidades, até biológicas, de sermos tanto homo como heterossexuais. Para ele, a energia original de toda pessoa estaria voltada para os dois sexos. Mas por uma questão cultural, ela vai se moldando para esse ou aquele caminho, até mesmo em nome da preservação da espécie. Para o psicólogo Cláudio Picazio, do Centro de Psicologia, Saúde, Afetivo e Sexual, existem milhares de teorias sobre a bissexualidade, mas ninguém sabe exatamente de onde vem o desejo. De onde nasce o interesse de um homem por um homem, de uma mulher por uma mulher e de um e outro por ambos. "O desejo acontece. É inato. O problema é que por conta dos interditos culturais o bissexual não sabe pra onde levar o seu desejo", diz Picazio, autor de livros sobre sexualidade, entre eles, "Diferentes Desejos" (Ed. GLS).

No início do século buscavam-se explicações psíquicas para a homo ou a bissexualidade. Hoje, tentam encontrar respostas no código genético do indivíduo. "Esses pesquisadores não estão conformados com a idéia de que orientação sexual é fruto de uma construção social, cultural e psíquica", diz a psiquiatra Carmita Abdo. "Querem uma causa orgânica e provar que se a pessoa tem uma determinação no corpo, ela é uma coisa ou outra e não as duas."

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